17/12/2025

Gregory Marks - O marxismo gótico de Deleuze e Guattari

 
Gilles Deleuze e Félix Guattari.

Gregory Marks

22 de fevereiro de 2020
(original aqui)

Dentro das páginas do trabalho colaborativo de Gilles Deleuze e Felix Guattari há imagens perturbadoras recorrentes. Falando da sede implacável que o capital sente por trabalho vivo, eles apontam que "não é mais a crueldade da vida, o terror de uma vida contra a outra, mas o despotismo post-mortem" ou o despotismo do vampiro ("O Anti-Édipo"). Sobre os indivíduos criados dóceis e maleáveis pelo Estado, eles escrevem que isso é deliberado: o Estado precisa que nasçam desse jeito, aleijados e zumbificados ("Mil platôs"). De sua própria política virulenta, eles exigem que "oponhamos epidemia à filiação, contágio à hereditariedade, povoamento por contágio à reprodução sexual (…) Bandos, humanos ou animais, proliferam por contágio, epidemias, campos de batalha e catástrofes (…) O vampiro não filia, ele infecta" (OAE). Apesar de toda a alegria que proclamam, e dos variados "materialismos vitais" que hoje afirmam filiação a partir desses pais duvidosos, os dois volumes de "Capitalismo & Esquizofrenia" são, indiscutivelmente, compêndios de escuridão e terror.