terça-feira, 13 de setembro de 2022

Movimento Undod - Pelo fim da monarquia em Gales

                     
Bandeira de Gales no Conwy Castle, por Steven Feather (Flickr).
 
                                                                                   
Movimento Undod ("Unidade")

13 de setembro de 2022
(original aqui)

Em 1952 a Grã-Bretanha era uma sociedade diferente que impunha um conformismo sufocante. Quando Elizabeth II subiu ao trono, nem Gales nem a língua galesa tinham qualquer status constitucional. A cerimônia de proclamação bilíngue no castelo de Cardiff no último fim de semana foi um gesto cínico para manter o consenso sobre uma ordem política que está rapidamente se deteriorando.

Os últimos setenta anos da história da humanidade presenciaram mudanças jamais vistas. O conformismo sufocante da sociedade dos anos 50 foi colocado de lado. Os movimentos de libertação de negros, de mulheres e LGBT+ obtiveram importantes vitórias. Precisamos fazer esses movimentos avançar, e não nos apegar a relíquias do passado.

Alguns reclamam que o príncipe não é de Gales. Mas a própria realeza em si não tem lugar em Gales hoje.

Os representantes do país devem ser escolhidos pelo povo e não indicados por nascimento. A presença da monarquia simbolicamente justifica o próprio sistema capitalista, que deixa milhões lutando por migalhas enquanto poucos vivem em um luxo inimaginável. Agora que o custo de vida tem aumentado, o gosto pela riqueza e pelo poder que a monarquia simboliza consiste em um verdadeiro insulto.

A monarquia inglesa foi central na colonização dos povos do planeta para o próprio benefício dela — infringindo miséria e morte em todos os lugares. A monarquia continua à frente do Estado britânico agindo como se ainda governasse um quarto do globo. Um País de Gales progressista não tem nada a ver com uma instituição com um legado tão funesto.

Nós queremos um País de Gales sem hierarquia e onde nenhum grupo domine outro. O título de "Príncipe de Gales" é uma afronta à sociedade democrática. É hora de aboli-lo. Nós somos contra a investidura de William — seja em Caernarfon seja em Cardiff, como tem sido sugerido.

Como institucionalmente é decretado que se lamente a morte, nós preferimos lembrar dignamente o passamento de Tony Parris, um dos "Três de Cardiff"*, erradamente condenado por homicídio. A morte de Tony é tão importante quanto a morte de uma monarca.

Se o que tem acontecido tem te deixado um gosto amargo na boca, junte-se a nós para construir um novo Gales. Uma república galesa livre.

Nota da tradução

*No fim dos anos 80 Tony Parris, Stephen Miller and Yusef Abdullahi (que ficaram conhecidos como "the Cardiff Three") foram injustamente condenados pelo assassinato de Lynette White. Diante dos erros na investigação policial, que motivaram uma campanha por sua soltura, os três foram absolvidos em grau recursal. Apenas em 2003 o verdadeiro assassino, Jeffrey Gafoor, foi condenado. A morte de Parris aos 65 anos foi anunciada por sua filha nesta segunda (12/9), tendo a mesma dito que continuará a luta por aqueles que são vítimas de injustiça.  

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