sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Leon Trotsky - Sobre André Breton

Breton e Trotsky no México, 1938. Via Wikimedia.

Leon Trotsky

27 de outubro de 1938
(em "Writings of Leon Trotsky
[1938-1939]", Pathfinder)

Algumas palavras sobre Breton. Eu não penso que devamos querer que ele transforme sua revista literária ["La Revolution Surrealiste"] na revista do bloco*. Ele representa a escola surrealista. Nós não temos a menor responsabilidade sobre ele. No domínio da arte, que é precedente para ele, Breton tem o absoluto direito de fazer como quiser. Quanto a nós, não devemos nos envolver com tendências artísticas, e sim uni-las contra os ataques totalitários às artes. Qualquer tentativa de nossa parte de subordinar as tendências artísticas a tais objetivos políticos apenas irá nos comprometer aos olhos dos verdadeiros artistas.

***

Carta a André Breton

Caro camarada Breton.

O objetivo dessa carta é esclarecer um ponto que poderia dar início a um deplorável mal entendido. Em uma de minhas cartas à "Partisan Review" eu aconselho que se tenha uma atitude crítica, expectante e... "eclética" em relação às diferentes tendências artísticas. Essa última causará estranheza em você, porque dificilmente sou partidário do ecletismo. Mas vale a pena explicar o sentido do conselho. A "Partisan Review" não é a publicação de uma escola artística. É, isso sim, uma publicação marxista dedicada aos problemas da arte. Portanto, deve manter frente às diversas escolas artísticas uma atitude crítica e amigável. Mas cada escola deve ser fiel a si própria. É por isso que seria absurdo propor aos surrealistas, por exemplo, que se tornassem ecléticos. Cada tendência artística tem o absoluto direito de dispor de si mesma. Esse é, ademais, o sentido do seu manifesto**.

Os meus melhores cumprimentos,

Leon Trotsky.

Notas da tradução

*A Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente, criada com Diego Rivera.
**O "Manifesto por uma Arte Revolucionária Independente" de 1938.

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