terça-feira, 22 de setembro de 2020

Rosa Luxemburgo - O socialismo pressupõe democracia

 Georges Clairin, "L'Incendie des Tuileries", 1871.

Rosa Luxemburgo

1918
  (em "Teoria e prática dos conselhos
operários", Milton Pinheiro e
Luciano Martorano [orgs.],
Expressão Popular)

Longe de ser uma soma de prescritos prontos que só faltaria ser aplicada, a realização prática do socialismo, enquanto um sistema econômico, social e jurídico, é uma questão que se encontra inteiramente nas névoas do futuro. O que nós temos em nosso programa são apenas indicações gerais que apontam a direção em que as medidas devem ser buscadas, e a maioria de caráter negativo. Nós sabemos mais ou menos o que nós temos de superar em primeiro lugar para liberar o caminho da economia socialista, no entanto, que tipos de milhares de medidas concretas práticas, grandes e pequenas, são necessárias para a introdução dos princípios socialistas na economia, no direito, em todas as relações sociais, sobre isso não há nenhum programa partidário socialista e nenhum manual socialista. Isso não é nenhuma lacuna, mas exatamente a vantagem do socialismo científico em relação ao utópico. 

O sistema social socialista deve e apenas pode ser um produto histórico, nascido da mesma escola da experiência, na hora da realização, do desenrolar da história viva, que tal como a natureza orgânica da qual ele é afinal parte, tem o bonito cuidado de junto com uma necessidade social real levar sempre os meios para a sua satisfação, e junto com a tarefa, levar a solução. Sendo assim, é claro que o socialismo por sua própria natureza não pode ser imposto, introduzido por decreto. Ele tem como precondição uma série de medidas de força — contra a propriedade etc. O negativo, a destruição pode ser decretada, a construção, o positivo, não. 

Terra virgem. Milhares de problemas. Apenas a experiência está em condições de corrigir, de abrir novos caminhos. Somente uma vida transbordante, livre, manifesta em milhares de novas formas, de improvisações, pode receber força criadora, corrigir seus próprios erros. Por isso, a vida pública de Estados com liberdade limitada é tão pobre, tão esquemática, tão infecunda; porque com a exclusão da democracia, acaba-se com a fonte viva de toda a riqueza e todo o progresso intelectual. (Prova: o ano de 1905 e os meses de fevereiro e outubro de 1917.) Tanto política, como também econômica e socialmente. O conjunto das massas populares devem participar ativamente. Do contrário, o socialismo será decretado, imposto burocraticamente por uma dúzia de intelectuais.

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